“Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória.” (1 Pedro 5:1-4)
Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus? ); Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo. (1 Timóteo 3:1-7)
Começo este artigo com os versículos que leio todos os dias da minha vida, desde o dia em que fui ordenado ao ministério pastoral. Por conta disso, começo dizendo que é impossível não dar um “tom pessoal” a este artigo, porém, não com objetivo de que minha vida seja a doutrina, e sim , colocar em evidência o reflexo que estes textos exercem em minha vida até os dias atuais.
A minha vida de pastor é assim há dez anos: todos os dias me lembro da responsabilidade que é pastorear, leio estes versículos e oro. A partir daí, todas as minhas decisões, renúncias, objetivos, partem do pressuposto que é isto que tenho que honrar. Talvez você que lê comece a vislumbrar o que isso significa na prática quando te digo algo deste tipo.
No cotidiano, como um pastor que não vive sustentando financeiramente pela obra de Deus, a minha rotina se assemelha a de muitas pessoas trabalhadoras. Acordo às 04:45 da manhã, enfrento transporte público cheio e de péssima qualidade. Trabalho, oito, dez, doze, e, às vezes, quatorze horas ao dia em casos esporádicos.
Tenho que estudar a profissão que exerço pois ela sofre atualizações diariamente. Sou casado, e portanto tenho que cuidar de minha esposa. Preciso também cuidar de minha saúde então me exercito regularmente.
Dedico horas do meu trajeto ao trabalho na volta para casa, para a leitura bíblica ou priorizando a leitura de livros cristãos. Afinal, conhecer o Evangelho já passou da obrigação, antes, é um prazer, mas também é um ato consciente da necessidade de servir com mais qualidade e eficiência.
A profunda consciência que fui chamado para isso me ensinou ao longo dos anos que tenho que agir com coerência no que creio do Evangelho. Isso me leva a uma vida de busca constante de coerência.
Não há uma vida secular e uma vida eclesiástica. HÁ UMA VIDA! E em todos os ambientes que é vivenciada, deve ser coerente com o Evangelho. Como pastor, já me habituei com o julgamento alheio. O esperado é que você não tenha nenhum tipo de falha de conduta. Esperam que você seja perfeito, e se esquecem de que você também é um pecador perdoado.
Claramente, não uso este argumento como fuga para pecar e não ser incomodado. Sei das responsabilidades, mas como ser humano que sou, portanto, falho. Logicamente, a mesma misericórdia que ofereço a muitos não é a mesma que me oferecem. Pois é, a vida de pastor tem essas coisas.
A consciência de servir como exemplo, conforme o texto de Pedro, é constante. Acredite, me cobro muito todos os dias, mesmo não atendendo todas as expectativas, estou tentando.
Na prática, entendo claramente qual deve ser a prioridade, que é Deus acima de tudo, minha família, meu trabalho (o qual sustento minha família e ajudo financeiramente a Igreja) e depois a Igreja. Pela falta de tempo hábil que a rotina demanda, em certos momentos, falho, por não conseguir manter a organização ou o foco necessário para cumprir tudo o que deve ser feito.
Nestes dias de fracassos e falhas, dou graças a Deus, pela maravilhosa graça e misericórdia. Me lembro que o BOM PASTOR morreu pela Igreja, e ressuscitou por ela, e me alegro, por apascentar as ovelhas dEle. Me alegro no privilégio que me foi concedido, apesar de mim, de fazer o que Cristo espera de mim.
Frustrações e solidão fazem parte da caminhada. No serviço cristão frustramos e somos frustrados, e isso me ensina que a frustração ocorre quando me esqueço das verdadeiras motivações que devo ter, que é servir ao SENHOR. Quando me lembro disso, sigo em frente.
A solidão aparece às vezes, pois, poucos são capazes de entender o significado desta responsabilidade. A incompreensão de muitos círculos sociais, parentes, e até dos irmãos não é incomum. E claro que consigo compreender a incompreensão dos outros.
Porém, antes do desejo de agradar ou de satisfazer critérios de quem quer que seja, entendo a responsabilidade do compromisso assumido. Mas me lembro que pretendo viver bons anos aqui neste mundo, e meu objetivo, como pastor, é chegar ao fim da jornada e ter o privilégio de orar as palavras de Paulo a Timóteo:
“Quanto a mim, já estou sendo derramado como libação, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” 2 Timóteo 4:6.
Até chegar este grande dia em que o Senhor me chamará, tenho muito a fazer, observando a fé, praticando o Evangelho com a prioridade bíblica, servindo, me alegrando em alguns dias e me entristecendo em outros. Renunciando a mim mesmo para ser mais parecido com Cristo.
Portanto, eis como resumo a vida de pastor: praticando, e servindo.
Que venha o Reino!
Pr. Marco Cicco
http://reformai.com/vida-de-pastor/
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