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O CULTO EM TROCA DA DIVERSÃO: UMA ANÁLISE DAS PREGAÇÕES DO PR. CLÁUDIO DUARTEd

O CULTO EM TROCA DA DIVERSÃO: UMA ANÁLISE DAS PREGAÇÕES DO PR. CLÁUDIO DUARTE

Um dos grandes problemas da igreja pós-moderna é aqueles que confundem pregação da Palavra de Deus com palestras de autoajuda, shows de unção esdrúxula ou uma espécie de Stand up Comedy.

O grande problema disso é o enfraquecimento doutrinário da Igreja, pois se o lugar do ensinamento da Palavra de Deus está sendo negligenciado, como evitar heresias e distorções doutrinárias na igreja?

Muitas igrejas estão confundindo culto com diversão. A diferença é que o culto tem Cristo como o centro e não alguma personalidade; a prioridade é a sua Palavra servindo a Deus em adoração e louvor com ações de graças. Já a diversão gira em torno de nós mesmos, a prioridade é agradar o público e o centro é o homem ou alguma personalidade, não Deus. Por isso, Paulo adverte os coríntios, quando fala da Ceia do Senhor, e lembra um texto do VT, pois eles estavam exatamente fazendo da Ceia do Senhor um evento de diversão:

Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber e levantou- se para divertir-se. (1Co 10.7)

Paulo usa o verbo grego παιζειν no infinitivo presente que significa exatamente “proporcionar riso ou fazer cântico engraçado” para traduzir a palavra “divertir”. A diversão é lícita, porém, quando é para banalizar a obra de Deus causa juízo, pois é isso que os coríntios estavam fazendo com a Ceia do Senhor. Eles bebiam o vinho da Ceia e ficavam alegres demais e começavam fazer “graça” no culto.

As igrejas, hoje, estão trocando os cultos por shows de Stand Up ou de diversão em vários aspectos. Por isso, em muitas igrejas são colocados ringues de Vale Tudo; lideres vão fantasiados de Chapolim Colorado ou coisas que atraem as multidões para a diversão. Principalmente quando se trata de jovens. Acham que para atrair os jovens às igrejas ou para levá-los a lerem a Bíblia precisam fazer Bíblias atraentes, incluindo biografias de cantores gospels como a chamada Bíblia do Talles ou outras do gênero.

Um dos pastores que tem se destacado nesse tipo de evangelismo e pregação é o Pr. Cláudio Duarte. O lema de seu ministério é “Um pastor cheio de graça” que demonstra uma ambiguidade da palavra “Graça” no sentido de dádiva divina revelada em Cristo e o sentido de “engraçado”. Na verdade, o segundo significado caracteriza-o melhor.

O Pr. Cláudio Duarte, geralmente, vai a igrejas cujas reuniões são cheias e que cobram um certo ingresso, seja com produtos não perecíveis ou uma certa quantia em dinheiro. Sua linguagem é bem informal cometendo erros até graves de Português e sempre buscando levar o seu público a risadas como se o seu grande objetivo ali fosse fazer pessoas rir e não pregar “Todo o conselho de Deus”.

Suas pregações são temáticas e simples com a leitura apenas de um verso ou uma Parábola e sempre trazendo uma linguagem que traga risos ou citando textos com interpretações estranhas para que fiquem engraçadas. Esse é um dos grandes problemas desse tipo de pregação. Como o objetivo é divertir as pessoas, precisa-se buscar anedotas e coisas engraçadas com distorções sérias de alguns textos da Bíblia para fazê-los engraçados.

Um dos exemplos é o que está nesse vídeo, onde o Pr. Cláudio Duarte afirma quando fala de vida com abundância em Jesus:

O segredo é viver, querido. Não perca tempo com coisas medíocres. Aprenda com Jesus a viver. Aliás, como lição que essa não aprendi com Jesus, não. Mas deveria ter aprendido.

Que Jesus é tão esperto que ele falou: Pai, eu vou à Terra. Vão cuspir ni (sic) mim, vão conspirar, vão querer me matar, vão me pôr uma coroa de espinhos, vão me furar... Eu morro! Agora casar... Essa loucura não vou fazer não!

Essa declaração é falada sem nenhuma observação que é uma brincadeira e demonstra perigos em vários aspectos que gostaria de destacar aqui:

1. Jesus é apresentado como alguém que tem aversão ao casamento por não ter casado.

Essa ideia é perigosa, pois o modelo agora é o Senhor Jesus Cristo e, se for mal interpretado, pode-se causar problemas sérios com respeito ao que Cristo pensa sobre o casamento.

Cristo não casou com uma mulher porque a sua noiva é a sua Igreja:

Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela. Ef 5.25

Embora que quando a Escritura fala de Cristo como noivo e a Igreja como noiva tenha o sentido metafórico, o aspecto de aliança, compromisso, doação e cuidado são os mesmos. Por isso que Paulo citou Cristo e sua Igreja para falar de relacionamento conjugal, senão, não teria sentido.

Cristo não casou com uma mulher porque ele veio como um cordeiro, especificamente para morrer pela sua Igreja:

No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! (Jo 1.29)

Portanto, Cristo não casou porque era um sofrimento, mas porque já tinha uma noiva prometida a ele para que ele pudesse morrer por ela e sacrificar-se em amor como um Cordeiro de Deus.

2. O casamento é retratado como um peso e um sofrimento terrível

A ideia desse mundo é que o casamento é um peso e somente aqueles que não têm juízo casam, pois este, segundo alguns, é como se a pessoa se aprisionasse ou deixasse o melhor da vida.

Infelizmente, o Pr. Cláudio Duarte dá a entender exatamente essa ideia com essas palavras. Em várias outras ocasiões foram faladas piadas com respeito ao casamento em suas pregações, como por exemplo nesse vídeo:

Deus disse a Adão: tu é (sic) feliz demais! Vai dormir que eu vou arrumar um poblema (sic) pra tu (sic)... É lógico que não é isso...

Apesar de que, nessa ocasião, ele afirma que “não é isso”, por não estar assim no texto sagrado, não deixa de trazer uma mensagem subliminar de que o casamento é um peso. Mesmo assim, a declaração sobre Jesus, acima citada, é falada sem nenhuma advertência e observação.

O casamento é retratado na Bíblia como digno de honra (Hb 13.4) e que foi valorizado por Jesus ao fazer o seu primeiro milagre exatamente nessa ocasião demonstrando o quanto era importante e motivo de alegria (Jo 2.1-11; Mt 9.15-16).

O grande problema não está no casamento, mas no ser humano e nas suas relações. Qualquer que sejam o relacionamento será penalizado pela natureza pecaminosa que herdamos. Alguns textos são citados pelo Pr. Cláudio que devem ser analisados:

Quando Paulo afirma:

E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também eu vivo (1Co 7.8)
Estás casado? Não procures separar- te. Estás livre de mulher? Não procures casamento. (1Co 7.27)

Paulo não está dizendo que ser solteiro é melhor que estar casado. O que Paulo está ensinando está no contexto de uma igreja que estava em uma cidade que tinha uma cultura totalmente impura onde mulheres e homens se adequavam à adoração aos deuses que incluíam orgias de todo tipo.

Paulo está preocupado com casamentos mistos que trariam maior problema como ele mesmo aconselha as mulheres e homens com seus cônjuges descrentes (1Co 7.12-17) e, por isso, ordena às viúvas que queiram casar que façam isso “no Senhor” (1Co 7.39).

Portanto, Paulo não está exaltando a condição de solteiro, mas ensinando que o casamento mal feito com pessoas com um hábito e práticas pagãs da cidade de Corinto poderia ser mais problema para os irmãos e para a Igreja. O princípio não está em valorizar ser solteiro, mas escolher ficar assim se um casamento for problemático diante de cônjuges que trazem um hábito e prática pagã que afete a conduta cristã.

No entanto, em outra ocasião, Paulo exalta o casamento dando a entender que os demais irmãos e Cefas tinham o privilégio de ter uma irmã que os acompanhavam:

A minha defesa perante os que me interpelam é esta: não temos nós o direito de comer e beber? E também o de fazer-nos acompanhar de uma mulher irmã, como fazem os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas? (1Co 9.4-5).

Nesse texto fica implícito que Paulo compensa o que os demais apóstolos e Cefas já tinham naturalmente por serem casados, pois o princípio é que “não é bom que o homem esteja só”.

Em outra passagem, Paulo ensina que o casamento deve ser recebido com ações de graças e gratidão.

que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade; (1Co 4.3)

Nesse texto, Paulo adverte aqueles que se opõem ao casamento. O verbo grego κωλυω quer dizer “opor-se a alguma coisa”. Notemos que Paulo afirma que tanto os alimentos como o casamento são coisas que Deus criou para serem recebidos com ações de graças deixando claro que é uma bênção para a vida das pessoas.

Em um dos vídeos citados, o Pr. Cláudio Duarte dá a entender que existem casamentos que não são unidos por Deus, pois ele afirma que o casamento é somente “o que Deus uniu” e que por isso há muitas pessoas mal casadas. Por isso, ele demonstra, nesse caso, uma má percepção e compreensão do texto que fala claramente que “o que Deus uniu, não separe o homem” (Mt 19.6). Essa união divina é no ato do casamento e que o homem jamais tem autoridade de julgar se seu casamento vem de Deus ou não para rompê-lo, pois essa ordem ao homem de não separar-se inclui qualquer julgamento da sua parte porque é Deus que une e não o homem.

O Pr. Cláudio Duarte também faz muitos eventos em lugares que não são em igrejas como está em um site convidando:

O projeto Cláudio Duarte pelo Brasil terá início na segunda-feira (16/03) a partir das 19h no espaço Cantareira, em Niterói.  Nele, o pastor Cláudio Duarte vai ministrar para casais e família abordando assuntos polêmicos, que eventualmente, não poderiam ser pronunciados em púlpitos de muitas igrejas. O primeiro lote dos ingressos já está sendo comercializado no valor de R$ 40,00  à venda ao site www.claudioduartepelobrasil.com.br.

Eu me pergunto quais assuntos que não poderiam ser “pronunciados em púlpitos de muitas igrejas”? Afinal de contas o que não poderia ser pronunciado em uma igreja que seus membros possam ouvir em outro lugar? Afinal de contas, o lugar é mais santo que os membros da Igreja? Segundo as Escrituras, nós somos o santuário de Deus (1Co 6.19) e que quando estamos reunidos em qualquer lugar o Espírito de Deus habita entre nós (1Co 3.16). Portanto, o que não pode ser dito em uma igreja, não deveria ser dito em lugar nenhum para os membros de uma igreja.

Quero concluir dizendo que não tenho absolutamente nada contra o amado pastor nem nada contra os animadores de auditório e artistas da fé. No entanto, quis alertar a igreja de um perigo e concluir dando um conselho a todos aqueles que lerem esse texto, mesmo sabendo que serei odiado pelos idólatras de personalidades e incautos na fé:

1. Cuidado com reuniões e pregações nas igrejas que peçam um ingresso para ouvir o pregador ou pastor.
2. Cuidado com reuniões que tragam pastores que venham intitulados de “profeta de Deus” e/ou “Apóstolo” – geralmente não são sadios na fé.
3. Cuidado com pregadores que passem muito tempo sem analisar o texto lido substituindo-o por piadas, testemunhos e opiniões sobre si.

- Constantino 🔥🚒

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