Cristianismo e Responsabilidade Social
Por Augustus Nicodemus Lopes
Os três eixos que caracterizam os fundamentos da moderna universidade refletem três realidades que sempre estiveram bem próximas do cristianismo histórico, a saber, ensino, pesquisa e extensão.
O ensino sempre foi uma marca distintiva do cristianismo, particularmente do seu ramo reformado. Os reformadores, de Lutero a Calvino, deram grande importância à educação. Um dos alvos dos missionários reformados, desde o início, foi ter uma escola ao lado das igrejas que fundaram em terras distantes.
A pesquisa científica decorre da confiança de que estamos inseridos num mundo concreto, regido por leis e normas fixas e regulares, e que se submete à análise, compreensão e síntese. Mesmo que a moderna universidade tenha, em grande medida, excluído a visão cristã de mundo de seus corredores, continua a viver do seu legado, que nos deu a moderna ciência.
A extensão é o lado mais “humano” da universidade e que, em vários sentidos, se aproxima mais do espírito cristão. O conhecimento adquirido pela pesquisa e transmitido pelo ensino não deveria servir somente para formar intelectos, mas para ser compartilhado com a comunidade em que a universidade se encontra inserida. Isso é amor e o amor edifica.
A definição padrão da extensão universitária é que ela se constitui na interação sistematizada da universidade com a comunidade, visando contribuir para o desenvolvimento da comunidade e dela buscar conhecimentos e experiências para a avaliação e revitalização do ensino e da pesquisa. Existem diversos aspectos da extensão universitária que encontram paralelo no espírito do cristianismo.
Primeiro, o amor ao próximo, quando a extensão se traduz em ação social filantrópica, que dá sem buscar retorno. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.39). Segundo, o reconhecimento de que o saber e o conhecimento em si próprios são de pouca ou nenhuma valia, se não deságuam em ações concretas que cooperem para o bem comum, para o crescimento integral do ser humano. Aqui se encaixa as palavras do apóstolo Paulo: “todos somos senhores do saber. O saber ensoberbece, mas o amor edifica” (1Coríntios 8.1-2).
Terceiro, o reconhecimento da igualdade intrínseca de todas as pessoas. Na extensão, a universidade deixa de ser uma elite e compartilha o que sabe e o que tem com a comunidade e também aprende dela. Biblicamente falando, todos os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus e gozam de direitos iguais. Por fim, o reconhecimento de que somos seres sociais, que fazemos parte de uma mesma raça, família, que temos uma mesma origem. Citando Paulo: “de um só, Deus fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra” (Atos 17.26).
A extensão, portanto, é de extrema importância, especialmente para universidades comunitárias e confessionais. A extensão universitária pode se tornar um eficaz instrumento para abençoar as pessoas ao nosso redor, e contribuir para a democratização do conhecimento.
Augustus Nicodemus Lopes
#GB
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