A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE A CAMINHO DA TERRA PROMETIDA
Por Tonny Silva
É certo que temos diversos escritos que confrontam eficazmente o modelo diabólico da famigerada “teologia da prosperidade”. Mas sempre cabem mais análises sobre este tema e não pretendo esgotar aqui todas as reflexões possíveis.
Mas em uma leitura dos fatos relatados no livro do Êxodo, onde trata da saída do povo de Israel, do Egito, em direção à terra de Canaã, observamos o quanto aquele povo era adepto a esta ideologia que tenta nos distrair do que de fato importa.
Me refiro ao momento em que o povo murmurava a Moisés quanto à escassez de alimentos e às dificuldades pelas quais estavam passando no caminho.
No entanto, uma fala da multidão deixa bem clara a intenção de seu coração: “Quem dera tivéssemos morrido por mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos tendes trazido a este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão” (Êxodo 16:3). Em análise primária, isto parece justo. Quem poderia ser tão mau, a ponto de tirar alguém de seu “conforto e suficiência”, para guiar-lhe por um deserto de perigos e provações. Mas o fato é que essa não era a realidade. A verdade é que em meio às dificuldades nós (humanos) costumamos fantasiar o passado, como se aquela época tenha sido melhor que a atual. Não era tão bom assim no Egito como podemos ver em todos os relatos descritos por Moisés. Mas como bons murmuradores, é assim que agimos diante de tais circunstâncias.
Mas o que me chamou a atenção neste relato, é que o povo havia, a pouco, sido livrado milagrosamente das mãos dos egípcios, atravessando o Mar em terra seca e presenciado a transformação da água amarga em água doce. Fatos estes que estabelecem a realidade da atuação de um Deus que estava com o Seu povo e disposto a prover o suprimento para toda e qualquer necessidade daquele povo, como Ele mesmo já havia prometido. Saliento também que a presença do “Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite” (Êxodo 13:21,22).
Mas o que o povo mais sentia falta era da “prosperidade” do Egito. Ter o Senhor, literalmente, ali perto não lhes era suficiente. Assim como não foi suficiente guardar o Maná para o suprimento de apenas um dia. Alguns guardaram mais que o suficiente e na manhã do outro dia, o que sobrou havia se estragado, juntando bichos. Evidenciando que, para o homem, nunca é suficiente obedecer somente a Deus.
Não é diferente quando olhamos para a realidade contemporânea. Vemos “igrejas” superlotadas de pessoas sedentas de algo que Deus possa dar. Mas para nossa tristeza, esta sede não é pela Presença do Senhor, não é pelo Conhecimento de Deus e nem para louvar a Sua Majestade. São centenas de pessoas dispostas a dar tudo, se possível vender a alma, em troca de receber “bênçãos” financeiras e enriquecimento da conta bancária. São pessoas completamente vazias, que só conseguem olhar para o passado de dor como quem reclama do presente. Homens que não estão dispostos a dar suas vidas em oferta ao Senhor sem esperar nada em troca. São pessoas que têm a ousadia de, diante do Senhor, lançar a pergunta: “Em que nos tens amado? ” (Malaquias 1,2).
Enquanto naquela cruz, Jesus agonizava pelos nossos pecados, alguns contemplavam trinta moedas de prata.
Por Tonny Silva
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